o de sempre

"Conheço-me? não me conheço? estou baralhado de todo? Ou fui sempre"
Luiz Pacheco

o de sempre

quinta-feira, abril 28, 2005


Ando com medo de gastar as mãos na tua pele.
Desfazer os meus lábios na tua boca.
Trocar a cor dos meus olhos pela a dos teus.
Perder-me em esperas ao fundo da tua rua.

Ando assim em meio amor,
a dividir por metades o que posso ter,
a desenhar-te nas paredes dos quartos,
a adivinhar-te nas sombras deslumbradas.

Tenho um desejo intrépido que me carrega pelos braços,
que me leva aos lugares onde já estivemos
para trazer de lá o que ainda resta de ti,
porque já não aguento o colo vazio.



I could never touch you as I want
because it's not true what I want to touch in you

The vision of a never seen tear
the inside of the skin
the cutted hair over the floor
the ice that melts on our belly
when you make love to the sky

It's cold in here friend
I just want a warm thought
from the eskimo you are

To G.


quarta-feira, abril 27, 2005


In a Manner of speaking
===============
In a Manner of speaking
I just want to say
That I could never forget the way
You told me everything
By saying nothing

In a manner of speaking
I don't understand
How love in silence becomes reprimand
But the way that I feel about you
Is beyond words

O give me the words
Give me the words
That tell me nothing
O give me the words
Give me the words
That tell me everything

In a manner of speaking
Semantics won't do
In this life that we live
we live
we only make do

And the way that we feel
Might have to be sacrified
So in a manner of speaking
I just want to say
That just like you I should find a way
To tell you everything
By saying nothing.

O give me the words
Give me the words
That tell me nothing
O give me the words
Give me the words
Give me the words"

Tuxedomoon

terça-feira, abril 26, 2005
Diálogos do género:

- Honey! The table is layed!
- Yeah! So am I!





Estes dão voz aos segredos



Enon "Lost Marbles and Exploded Evidence"

De facto esta senhora tem segredos na voz!



Nina Nastasia

sexta-feira, abril 22, 2005
Mis penas lloraba yo
=================
"Madre, ya no sé que tengo
Tampoco lo que me pasa
Em la ilusión me mantengo
Dios mío sin esperanza
En la ilusión me mantengo
Dios mio sin esperanza
Canastera"


Soy gitano
=========
"Yo ya no puedo aguantarme
Y ni vivir de esta manera
Porque yo no queiro
Aunque Dios lo quiera
Porque yo no puedo vivir sin ella
Soy gitano
Y vengo a tu casamiento
A partirme la camisa
La camisita que tengo
A mi me gusta saborear
La yerba, la yerbabuena
Un cante por soleá
Una voz quebrá y serena
Una guitarra y tus ajos
Ai laito de la candela
Soy gitano
Y vengo a tu casamiento
A partirme la camisa
La camisita que tengo"

interpretadas por Cássia Eller



quarta-feira, abril 20, 2005

man ray

Wolf Amoung Wolves
================
She loves a soul,
That I've never been
A dog among dogs,
A man among men
And every day,
When I come home to her
She holds a phantom,
She kisses and she hughs him
And I am not
Averse to how she loves him
Why must I live and walk,
Unloved as what I am

Why can't I be loved as what I am
A wolf among wolves, and not as a man
Among men

She craves a home
That she can go in
A sheltered cave,
That I have never seen
Not in my life,
And not even in my dreams

Why can't I be loved as what I am
A wolf among wolves, and not as a man
Among men

Bonnie Prince Billy in Master and Everyone

terça-feira, abril 19, 2005

marie-jose bloncourt


In my secret life

"(...) I saw you this morning.
You were moving so fast.
Can't seem to loosen my grip
On the past.
And I miss you so much.
There's no one in sight.
And we're still making love
In My Secret Life.! (...)"

Leonard Cohen



segunda-feira, abril 18, 2005
Hermético


marie-jose bloncourt

Não se pode pensar em nada.
Não se pode dizer nada.
Zen contemplativo.
Onde está o outro?

sexta-feira, abril 15, 2005
PROCURA-SE
Por danos infligidos na noite de 14 de Abril,
em local agradável, por volta das 23e30.



1. As Time Goes By
2. Way You Look Tonight
3. Easy Living
4. I'm in the Mood for Love
5. Where or When
6. When Somebody Thinks You're Wonderful
7. Sweet and Lovely
8. Miss Otis Regrets
9. Time on My Hands
10. Lover, Come Back to Me
11. Falling in Love Again
12. Love Me or Leave Me
13. You Do Something to Me
14. Just One of Those Things
15. September Song



quinta-feira, abril 14, 2005
Um Ary por dia!

Desfolhada
==========
Corpo de linho
lábios de mosto
meu corpo lindo
meu fogo posto.
Eira de milho
luar de Agosto
quem faz um filho
fá-lo por gosto.
É milho-rei
milho vermelho
cravo de carne
bago de amor
filho de um rei
que sendo velho
volta a nascer
quando há calor.

Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.

Minha raiz de pinho verde
meu céu azul tocando a serra
oh minha água e minha sede
oh mar ao sul da minha terra.

É trigo loiro
é além tejo
o meu país
neste momento
o sol o queima
o vento o beija
seara louca em movimento.

Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.

Olhos de amêndoa
cisterna escura
onde se alpendra
a desventura.
Moira escondida
moira encantada
lenda perdida
lenda encontrada.
Oh minha terra
minha aventura
casca de noz
desamparada.
Oh minha terra
minha lonjura
por mim perdida
por mim achada.

Quero


quero ver o sol atrás do muro
quero um refúgio que seja seguro
uma nuvem branca sem pó, nem
fumaça
quero um mundo feito sem porta ou
vidraça
quero uma estrada que leve à verdade
quero a floresta em lugar da cidade
uma estrela pura de ar respirável
quero um lago limpo de água potável

quero voar de mãos dadas com você
ganhar o espaço em bolhas de sabão
escorregar pelas cachoeiras
pintar o mundo de arco-íris

quero rodar nas asas do girassol
fazer cristais com gotas de orvalho
cobrir de flores campos de aço
beijar de leve a face da lua

Thomas Roth



Martha Cooper "Hip Hop Files"
Espaço Interpress - Rua Luz Soriano, 67



quarta-feira, abril 13, 2005


A Liturgia do Sangue

Caminharemos de olhos deslumbrados
E braços estendidos
E nos lábios incertos levaremos
o gosto a sol e a sangue dos sentidos.
Onde estivermos, há-de estar o vento
Cortado de perfumes e gemidos.
Onde vivermos, há-de ser o templo
Dos nossos jovens dentes devorando
Os frutos proibidos.
No ritual do verão descobriremos
O segredo dos deuses interditos
E marcados na testa exaltaremos
Estátuas de heróis castrados e malditos.

(...)

Ó deus do sangue! deus de misericórdia!
Ó deus das virgens loucas
Dos amantes com cio,
Impõe-nos sobre o ventre as tuas mãos de rosas,
Unge os nossos cabelos com o teu desvario!
Desce-nos sobre o corpo como um falus irado,
Fustiga-nos os membros como um látego doido,
Numa chuva de fogo torna-nos sagrados,
Imola-nos os sexos a um arcanjo loiro.
Persegue-nos, estonteia-nos, degola-nos, castiga-nos,
Arranca-nos os olhos, violenta-nos as bocas,
Atapeta de flores a estrada que seguimos
E carrega de aromas a brisa que nos toca.
Nus e esnsaguentados dançaremos a glória
Dos nossos esponsais eternos com o estio
e coroados de apupos teremos a vitória
De nos rirmos do mundo num leito vazio.

em SANTOS, Ary dos, A Liturgia do Sangue, Lisboa, 1963



2004 was a kinda crappy year, i thought
2005 would be better but when i saw it was the year of the cock

thanks a lot china

terça-feira, abril 12, 2005
Um Adeus Português
==================

Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz dos ombros pura e a sombra
duma angústia já purificada

Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor

Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver

Não podias ficar nesta casa comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual

Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal

Mas tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser

Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal

Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti

Alexandre O'Neill

O PASSO DO ANJO

Pelas escarpas, nos atalhos de areia e erva
em matas sombrias onde as faias se renovam
os animais já não vigiam
já ninguém os persegue

a chuva desenha círculos perfeitos
nos poços dos aldeões
como nos charcos

o restolhar de prata da folhagem
previne do passo do anjo, na escuridão

José Tolentino Mendonça em "A estrada branca"

segunda-feira, abril 11, 2005
ROXANE:
Hush! hush!

CYRANO:
A kiss, when all is said, what is it?
An oath that's ratified, a sealed promise,
A heart's avowal claiming confirmation,
A rose-dot on the 'i' of 'adoration,
A secret that to mouth, not ear, is whispered,
Brush of a bee's wing, that makes time eternal,
Communion perfumed like the spring's wild flowers,
The heart's relieving in the heart's outbreathing,
When to the lips the soul's flood rises, brimming!

ROXANE:
Hush! hush!



É preciso acrescentar mais alguma coisa?



Senta-te a meu lado...



...e deixa-me adormecer no teu ombro



Eléctrico Fantasma



A hole in my mind!



A última serenata.


sexta-feira, abril 08, 2005
Chegou-me a primavera


quinta-feira, abril 07, 2005
Esta não pode ser lida
E como eu gostava que a pudessem ouvir

"Green Arrow" dos Yo la tengo

(caía bem num remake do "Paris Texas")







quarta-feira, abril 06, 2005
A tu Vera

A tu vera, a tu vera
siempre a la verita tuya
hasta que de pena muera.

Que no mirase tus ojos,
que no llamase a tu puerta,
que no pisase de noche
las piedras de tu calleja.

A tu vera, siempre a la verita tuya
siempre a la verita tuya,
hasta que de pena muera.

Mira que dicen y dicen,
mira que la tarde aquélla,
mira que se fue y se vino
de su casa a la alameda.

Y así mirando y mirando,
y así empezó mi ceguera
y así empezó mi ceguera.

A tu vera, siempre a la verita tuya,
siempre a la verita tuya,
aunque yo de celos muera.

Que no bebiese en tu pozo,
que no jurase la reja,
que no mirase contigo
las lunas de primavera.

A tu vera, siempre a la verita tuya,
siempre a la verita tuya
hasta que por ti me muera.

Ya pueden clavar puñales,
ya pueden cruzar tijeras,
ya pueden cubrir con sal
los ladrillos de tu puerta.

Ayer, hoy, mañana y siempre,
eternamente a tu vera,
eternamente a tu vera.

A tu vera, siempre a la verita tuya,
siempre a la verita tuya
hasta el día en que me muera.

Ochaíta y Valerio

Amanhã longe demais
===================
P' la janela, mal fechada
Entra já a luz do dia
Morre a sombra, desejada
Numa esperança fugidia

Foi uma, noite sem sono
entre saliva e suor
com um travo, de abandono
e gosto a outro sabor

Dizes-me até amanhã
que tem de ser, que te vais
porque o amanhã, sabes bem
é sempre longe demais

Acendo mais um cigarro
invento mil ideais
só que amanhã sei-o bem
é sempre longe demais

P' la janela mal fechada
Chega a hora do cansaço
Vai-se o tempo desfiando
em anéis de fumo baço

Rádio Macau

terça-feira, abril 05, 2005
Três pedaços e um poema
de INGEBORG BACHMANN

O Tempo aprazado
"(...) Coloca uma palavra
no vale da minha mudez
e planta florestas de ambos os lados,
para que a minha boca
fique toda à sombra (...)"


Canções de uma ilha
"(...) Seguro-te na mão com os olhos,
e um coração tranquilo e ousado
sacrifica-te os seus desejos (...)"


Canções em Fuga
"(...) Entrámos em quartos amaldiçoados
e iluminámos o escuro com as
pontas dos dedos (...)"




Uma espécie de perda

"Usámos a dois: estações do ano, livros e uma música.
As chaves, as taças de chá, o cesto do pão, lençóis de linho e uma cama.
Um enxoval de palavras, de gestos, trazidos, utilizados, gastos.
Cumprimos o regulamento de um prédio. Dissémos. Fizémos.
E estendemos sempre a mão.

Apaixonei-me por Invernos, por um septeto vienense e por Verões.
Por mapas, por um ninho de montanha, uma praia e uma cama.
Ritualizei datas, declarei promessas irrevogáveis,
idolatrei o indefenido e senti devoção perante um nada,
(- o jornal dobrado, a cinza fria, o papel com um apontamento)
sem temores religiosos, pois a igreja era esta cama.

De olhar o mar nasceu a minha pintura inesgotável.
Da varanda podia saudar os povos meus vizinhos.
Ao fogo da lareira, em segurança, o meu cabelo tinha a sua cor mais intensa.
A campainha da porta era o alarme da minha alegria.

Não te perdi a ti,
perdi o mundo."

em "O Tempo Aprazado"

segunda-feira, abril 04, 2005


Coimbra igual a...
uma espingarda carregada com dois cartuchos, um de amor e outro de
contemplação...e o dedo treme-me no gatilho sempre que passo por lá!



algures nos carris Porto - Lisboa


La Carta

La carta que te escribo merece la palidez de tu rubor.
Entre líneas
hallarás la piel de mi voz
(...)
Pero lee esta carta antes que amanezca,
no sea quel sol
borre los destellos de la tinta,
el flujo de mis sueños
absorbidos
en la celulosa fibra del papel.

No sea que sus amorosas frases
se desangren en la página.

Léela ahora
viaja desde tu cama
o desde el sitio donde estés
a través de su literatura
pues en ella encontrarás
alfombras mágicas,
encantadores de serpientes,
pájaros
picoteando peras
y peces voladores
trasegando sirenas.

Léela.
Escudriñala.

Descifra el volumen
de sus dulces anotaciones.

Léela al réves y al derecho,
y cuando la termines
cierra los ojos
para que mis palpitaciones
descansen
en
paz.

Ariel Montoya

sábado, abril 02, 2005


Both sides now

"(...)
I've looked at love from both sides now,
From give and take, and still somehow
It's love's illusions I recall.
I really don't know love at all.
(...)"

Joni Mitchell

sexta-feira, abril 01, 2005
Quando a saudade aperta volto-me para olha-lo




E ao anoitecer

e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia.

Al Berto