o de sempre

"Conheço-me? não me conheço? estou baralhado de todo? Ou fui sempre"
Luiz Pacheco

o de sempre

terça-feira, janeiro 31, 2006






Vem!
Vem depressa que o frio não passa.
Que as minhas mãos não aquecem.
Que hoje não me levantava sem o teu beijo.

Preciso das tuas molduras,
de ver o teu reflexo nas montras por onde passamos,
nos tampos das mesas dos cafés onde nos sentamos.

Tenho um Inverno todo por passar,
e só se preenche contigo.




segunda-feira, janeiro 30, 2006

I waited for you yesterday since morning

I waited for you yesterday since morning,
They guessed you wouldn't come,
Do you remember the weather? Like a holiday!
I went out without a coat.

Today came, and they fixed for us
A somehow specially dismal day,
It was very late, and it was raining,
The drops cascading down the chilly branches.

No word of comfort, tears undried...

Arseny Tarkovsky

sexta-feira, janeiro 27, 2006
Here Comes the Rain Again

Here comes the rain again
Falling on my head like a memory
Falling on my head like a new emotion
I want to walk in the open wind
I want to talk like lovers do
I want to dive into your ocean
Is it raining with you

So baby talk to me
Like lovers do
Walk with me
Like lovers do
Talk to me
Like lovers do

Here comes the rain again
Raining in my head like a tragedy
Tearing me apart like a new emotion
Oooooh
I want to breathe in the open wind
I want to kiss like lovers do
I want to dive into your ocean
Is it raining with you

So baby talk to me
Like lovers do

Here comes the rain again
Falling on my head like a memory
Falling on my head like a new emotion
(Here it comes again, here it comes again)
I want to walk in the open wind
I want to talk like lovers do
I want to dive into your ocean
Is it raining with you

Eurythmics

quinta-feira, janeiro 26, 2006
Depeche Mode numa versão negra doce de
Sylvain Chauveau & Ensemble Nocturne



In your room

Where time stands still
Or moves at your will
Will you let the morning come soon
Or will you leave me lying here
In your favourite darkness
Your favourite half-light
Your favourite consciousness
Your favourite slave

In your room
Where souls disappear
Only you exist here
Will you lead me to your armchair
Or leave me lying here
Your favourite innocence
Your favourite prize
Your favourite smile
Your favourite slave

I?m hanging on your words
Living on your breath
Feeling with your skin
Will I always be here

In your room
Your burning eyes
Cause flames to arise
Will you let the fire die down soon
Or will I always be here
Your favourite passion
Your favourite game
Your favourite mirror
Your favourite slave

I?m hanging on your words
Living on your breath
Feeling with your skin
Will I always be here

(obrigada A.)

terça-feira, janeiro 24, 2006
"No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
e a alegria de todos e a minha, estava certa como uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
de ser inteligente para entre a família,
e de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

(...)

Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!..."

Álvaro de Campos - Aniversário




segunda-feira, janeiro 23, 2006
Aldina Duarte "Crua"



Tão belo o som como a imagem.

"Eu hei-de nascer do nada como a papoila encarnada que nada fez por nascer, hei-de nascer tua amada sem uma razão nem nada, mas só porque tem de ser"
João Monge






Remember me as a time of day
Explosions in the sky in How strange innocence

Histories repeating as one thousand hearts mend
Esmerine in Aurora




sábado, janeiro 21, 2006

Por Mim


Por Mim

Desert song

Favoured one, fade on, see them run
Journey 'round, heave ho all night long
You've been afraid for far too long
I've been enraged in my song
I've been a rose in my rage
I've been a rose
I've been a rose
I've been a rose
Canaan ran, since her desert song
Canaan ran, rides on the bird song
You've been afraid for far too long
I've been enraged in my songs
I've been a rose
I've been a rage
I've been a rose
I've been a rage
I've been a rose

Dead Can Dance

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Tonight [that night] may have to last me all my life.
The Avalanches


Tho you are gone I still often walk with you.
Silver Mount Zion




domingo, janeiro 15, 2006
Santiago Alquimista
Sexta-feira 13, Lua redonda

Linda Martini




God is an astronaut

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Por Mim

Chuva
-------

"Embora lave o medo que há do fim
a chuva apaga o fogo que há em mim
oiço a voz de quem me quer tão bem
e fico a ver se a chuva ouvirá também."

Nuvem
-------

"Eu já trinquei a maçã
Deixei-me olhar a fundo
Mas eu acordo a cada dia
Eu abro a dor de ser quem sou
De tudo amar
Vai pra casa
Esquece a rua
Que eu vi
Hoje o tempo vai mudar"


Ornatos Violeta

quarta-feira, janeiro 11, 2006
O que dirias hoje quando te dessem os parabéns?



"Procuro-te obsessivamente na melancolia das mãos
porque só o acto de morrer muitas vezes compensa
e foi necessário que fizéssemos uma serra para cortar os pulsos
de uma espada e fizemos
e com uma cana-da-índia de rota fizemos uns foles para atear o fogo
pintei nos ombros umas asas de coral para me evadir
abandonei a casa e as notas rabiscadas rápidamente
as emendas as manchas de tinta azulada nos dedos
os manuscritos ilegíveis
a poeira dum olhar preso ao vício feliz das palavras
a escrita
a indelével respiração do poema
o fluxo do grito o eco lacustre dos dedos tamborilando no sono
a casa vazia
e a janela onde debrucei o que me restava da vida
levei dez dias de viagem
até que a noite me recebeu como um ressurgido do outro lado do corpo
e nada direi sobre o deserto
nem deixarei sequer um inédito"

Al Berto em "A seguir o Deserto"




Ouço florestas, ouço montanhas...

The Balanescu Quartet 'Maria T'

(Maria Tanase cantora de operetas e actriz romena.
Morreu em 1963 com cancro no pulmão)




1. Spotdance
2. The Young Conscript And The Moon
3. Empty Space Dance
4. Turning Wheels
5. Life And Death
6. Mountain Call
7. Aria
8. Interlude
9. Lullaby
10. Wine's So Good
11. Lullaby Dream




terça-feira, janeiro 10, 2006
Mesmerene

"We, in the ocean of forgettable things
Are we just travelling in time
We, from wherever we bailed out,
Landed here

If I could do more than hold you
If I could do more than watch you tears
I wish we could name this place Oblivion
And then be hapily on our way
(...)"

Anywhen

segunda-feira, janeiro 09, 2006
Podia chamar-lhe 'Arauto'

New year

We have come for light
Wholly, we have come for light
It's true
I am the sun
I am the new year
I am the rain

I am the sun
I am the new year
I'm the way home


I am the rain
I am the new year
I am the sun

I am the rain
I am the new year
I'm the way

The Breeders
(obrigada G.)

domingo, janeiro 08, 2006
Odete - o filme de versões



Versões de vidas
Versões de amores
Versões de Lisboa
Versões de identidades diferentes
Versões de diferentes identidades
Versões de músicas
...
Só um refrão
...
Solidão




sexta-feira, janeiro 06, 2006
Coisas boas de 2005



Por mim

"(...) Where go, where now
I can't stand
If I can, I can die
I'm freezing
It's like us
I'm spiralling (...)"
Antony and the Johnsons


quinta-feira, janeiro 05, 2006
Não me olhes assim...




Não, não me olhes assim!


Foto de




quarta-feira, janeiro 04, 2006
à boa maneira dos posts "Hoje acordei assim"


Poema temperamental


Ó caralho! Ó caralho!

Quem abateu estas aves?
Quem é que sabe? quem é
que inventou a pasmaceira?
Que puta de bebedeira
é esta que em nós se vem
já desde o ventre da mãe
e que tem a nossa idade?

Ó caralho! Ó caralho!

Isto de a gente sorrir
com os dentes cariados
esta coisa de gritar
sem ter nada na goela
faz-nos abrir a janela.
Faz doer a solidão.
Faz das tripas coração.

Ó caralho! Ó caralho!

Porque não vem o diabo
dizer que somos um povo
de heróicos analfabetos?
Na cama fazemos netos
porque os filhos não são nossos
são produtos do acaso
desde o sangue até aos ossos.

Ó caralho! Ó caralho!

Um homem mede-se aos palmos
se não há outra medida
e põe-se o dedo na ferida
se o dedo lá for preciso.
Não temos que ter juízo
o que é urgente é ser louco
quer se seja muito ou pouco.

Ó caralho! Ó caralho!

Porque é que os poemas dizem
o que os poetas não querem?
Porque é que as palavras ferem
como facas aguçadas
cravadas por toda a parte?
Porque é que se diz que a arte
é para certas camadas?

Ó caralho! Ó caralho!

Estes fatos por medida
que vestimos ao domingo
tiram-nos dias de vida
fazem guardar-nos segredos
e tornam-nos tão cruéis
que para comprar anéis
vendemos os próprios dedos.

Ó caralho! Ó caralho!

Falta mudar tanta coisa.
Falta mudar isto tudo!
Ser-se cego surdo e mudo
entre gente sem cabeça
não é desgraça completa.
É como ser-se poeta
sem que a poesia aconteça.

Ó caralho! Ó caralho!

Nunca ninguém diz o nome
do silêncio que nos mata
e andamos mortos de fome
(mesmo os que trazem gravata)
com um nó junto à garganta.
O mal é que a gente canta
quando nos põem a pata.

Ó caralho! Ó caralho!

O melhor era fingir
que não é nada connosco.
O melhor era dizer
que nunca mais há remédio
para a sífilis. Para o tédio.
Para o ócio e a pobreza.
Era melhor. Concerteza.

Ó caralho! Ó caralho!

Tudo são contas antigas.
Tudo são palavras velhas.
Faz-se um telhado sem telhas
para que chova lá dentro
e afogam-se os moribundos
dentro do guarda-vestidos
entre vaias e gemidos.

Ó caralho! Ó caralho!

Há gente que não faz nada
nem sequer coçar as pernas.
Há gente que não se importa
de viver feita aos bocados
com uma alma tão morta
que os mortos berram à porta
dos vivos que estão calados.

Ó caralho! Ó caralho!

Já é tempo de aprender
quanto custa a vida inteira
a comer e a beber
e a viver dessa maneira.
Já é tempo de dizer
que a fome tem outro nome.
Que viver já é ter fome.

Ó caralho! Ó caralho!
Ó caralho!

de Joaquim Pessoa

terça-feira, janeiro 03, 2006
Heart And Soul

Instincts that can still betray us,
A journey that leads to the sun,
Soulless and bent on destruction,
A struggle between right and wrong.
You take my place in the showdown,
I'll observe with a pitiful eye,
I'd humbly ask for forgiveness,
A request well beyond you and I.

Heart and soul, one will burn.
Heart and soul, one will burn.

An abyss that laughs at creation,
A circus complete with all fools,
Foundations that lasted the ages,
Then ripped apart at their roots.
Beyond all this good is the terror,
The grip of a mercenary hand,
When savagery turns all good reason,
There's no turning back, no last stand.

Heart and soul, one will burn.
Heart and soul, one will burn.

Existence well what does it matter?
I exist on the best terms I can.
The past is now part of my future,
The present is well out of hand.
The present is well out of hand.

Heart and soul, one will burn.
Heart and soul, one will burn.
One will burn, one will burn.
Heart and soul, one will burn.

Joy Division


Reflexão negra do dia