o de sempre

"Conheço-me? não me conheço? estou baralhado de todo? Ou fui sempre"
Luiz Pacheco

o de sempre

quinta-feira, abril 27, 2006
Não é prática da casa, mas cá vai.
Daniel Blaufuks é um bom fotógrafo, tem uma geometria especial no olhar.
Cartas de referência não lhe faltam, mas o filme "Um pouco mais pequeno que o Indiana", tirando o que se pode aproveitar da qualidade da fotografia, é um filme prepotente. Injustificado, chega a ser rude na apresentação e representação que faz dos portugueses. Parecia sua intenção fazer um road movie, mas então que se exercite primeiro nas terras de tio Sam, onde estará bastante mais enquadrado o seu chapéu de cowboy e pode ensaiar o seu tom monocórdico no bom sotaque texano.
No final fiquei com a sensação de estar a ver uma apresentação de slides de powerpoint, com custos e estatísticas tão característicos deste tipo de exercícios informáticos.

Falta aqui toda a água que meteu.

Daniel Blaufuks "Um pouco mais pequeno que o Indiana"

domingo, abril 23, 2006
"A música de Paredes não existe. Existe um Homem semeado no chão do seu país. E dele nasceu. E nele ficou plantado."



Do soberbo que ainda pode ser sentido.


quinta-feira, abril 20, 2006
'I know he's dead! Don't you think I know that? I can still like him, though, can't I?
Just because somebody's dead, you just don't stop liking them, for God's sake - especially if they were
about a thousand times nicer than the people you know that're alive and all'

J.D.Salinger 'The Catcher in the rye'


'Gin a body meet a body
Coming thro' the rye,
Gin a body kiss a body -
Need a body cry?'

Robert Burns 'Coming through the rye'


Cassandra Wilson - Thunderbird
(voz de contrabaixo)



1. Go To Mexico
2. Closer To You
3. Easy Rider
4. It Would Be So Easy
5. Red River Valley
6. Poet
7. I Want To Be Loved
8. Lost
9. Strike A Match
10. Tarot

Yes, 'It Would be so easy'



terça-feira, abril 18, 2006
Henrique Cayatte no DN fala no novo design dos passaportes portugueses.

«Deixou de fora símbolos bélicos e incluiu as quinas e uma pomba de Júlio Pomar que pode ser vista a contraluz, porque "Portugal quer passar uma imagem de paz e de cultura e de que é por esse lado que se afirma".»

Pronto, só falta mesmo acabar com aquela parte do "Contra os canhões marchar, marchar". Quem se atreve a esta operação de estética?

segunda-feira, abril 17, 2006
É demais.

"Quero dar o salto sair daqui,
deixar para trás o que vivi.
Lá no fim do mundo,
no primeiro hotel
Parámos, entrámos em lua-de-mel
Tão bom estar contigo
Tão bom ter um abrigo
Tão bom entrar no quarto deserto
Tão bom eu estar deitada
Tão bom de madrugada, tão bom
E sentir-te assim tão perto

Então estamos sós enfim, é demais
A noite tão quente assim é demais
Lençóis de cetim e champanhe para dois
É demais!
Da varanda vê-se o mar, é demais
Roupas pelo chão, pelo ar, é demais
O cheiro da erva nas noites de Verão, é demais!

Quero dar o salto sair daqui,
deixar para trás o que vivi.
Lá no fim do mundo,
no primeiro hotel
Parámos, entrámos em lua-de-mel
Tão bom dar-te um beijo,
tão bom este desejo, tão bom
há tanto tempo acordado
Tão bom ter-te agora
Tão bom a qualquer hora, é tão bom
E ficar sempre a teu lado."

Doce


p.s. - Ponha a mão no ar quem se quer pirar

domingo, abril 16, 2006
É simples, é preferível sentir dor a não sentir nada.





Private Joke.
Onde está a piada?



Numa altura que anda o país todo a meter água,
eu também vou na onda e escrevo o que o politicamente
correcto condena:
Existem monumentos espalhados pela minha cidade,
de arquitectura marcadamente salazarista, que me agradam.
Este é um deles. É bom voltar a casa de autocarro e ver
a Fonte Luminosa a funcionar.



Agradeço às condições climatéricas que me proporcionaram o arco-íris,
só ainda não descobri o pote de ouro que está no fim.

quarta-feira, abril 12, 2006


Exercício de 'assobia para o alto e desvia o olhar, disfarça... disfarça':
às vezes é melhor deixar os outros falarem por nós,
assim a cobardia deixa as asneiras terem responsabilidade alheia.

"My childhood was, what should we say, humanistic. Not that anyone asked.
But, yes, it gave the impression of a childhood, while it was going by. Like anyone's,
I don't doubt. All the bells and whistles, a generally screaming age, skinned knees and
girlish pain. I look back at my childhood, in the evenings. I think of things I could have
said. I try to picture old things, people's faces, feelings, get drunk on nostalgia, alcohol.
Which leaves me my mornings free, to do with as I despise or like. To recover from the
wasted night, do dishes, lacerate de woman back into the girl."

Will Eno "Lady Grey"




segunda-feira, abril 10, 2006


"E os boomerangs acabam sempre por voltar nem que seja em bicos de pés, num assobiozinho envergonhado. (...) Pode ser que venha um tempo em que esta gaita mude e se possam encarar as coisas de olhos limpos. Em que os alfaiates não sejam obrigados por decreto a esconder na largura das calças os colhões de um homem."

António Lobo Antunes em "Memória de Elefante"




quarta-feira, abril 05, 2006
O cínico está de volta! Oh! E ainda bem!



1. I Will See You In Far Off Places
2. Dear God, Please Help Me
3. You Have Killed Me
4. The Youngest Was The Most Loved
5. In The Future When All's Well
6. The Father Who Must Be Killed
7. Life Is A Pigsty
8. I'll Never Be Anybody's Hero Now
9. On The Streets I Ran
10. To Me You Are A Work Of Art
11. I Just Want To See The Boy Happy
12. At Last I Am Born


I'll dedicate which one
of these songs to someone special.
The last one is already mine.


segunda-feira, abril 03, 2006


"... But it's amazing when you come to think of it how the human spirit seems to blossom in the shadow of the abattoir!"
Malcolm Lowry




No tímpano: Thalia Zedek "Trust not those in whom without some touch of madness"


domingo, abril 02, 2006
6ª feira Aldina Duarte - Cabaret Maxime

Fado firme, grave como só uma mulher o pode cantar.
Quando não cantava a voz tremia com timidez.
A força da voz está-lhe na dor.
E não é preciso lê-lo nas entrelinhas.

Flor do cardo

dói-me ser a Flor do Cardo
não ter a mão de ninguém
tenho a estranha natureza
de florir com a tristeza
e com ela me dar bem

dói-me o Tejo e dói-me a Lua
dói-me a luz dessa aguarela
tudo o que foi criação
se transforma em solidão
visto da minha janela

o tempo não me diz nada
já nada em mim se consome
não sou princípio nem fim
já nada chama por mim
até me dói o meu nome

dói-me ser a Flor do Cardo
não ter a mão de ninguém
hei-de ser cravo encarnado
que vive em pé separado
e acaba na mão de alguém

Não te vi, mas sei que estavas lá comigo a ouvir esta, pelo menos esta.