o de sempre

"Conheço-me? não me conheço? estou baralhado de todo? Ou fui sempre"
Luiz Pacheco

o de sempre

segunda-feira, maio 29, 2006
Insuportáveis dias de calor.
O corpo incha, transpira, em vez de dedadas
deixamos pequenas poças de água.
Os pés pedem ar, o peito também e
a garganta, sítio de onde nascem os mais maus hábitos,
pede cerveja, gelada...


Got a Salmon on (Prawn) by Sarah Lucas... this lady down here


Sarah Lucas "Human Toilet (Revisited Again)?

sábado, maio 27, 2006
Canção da Carne Crua

Para quem não saiba, sou Glória
sem história, nem hora marcada
no fundo da escada, no Astória,
num ermo, na berma da estrada,
para quem quiser,
eu faço de tudo com nada:
de santa, de mãe depravada,
com gozo ou dor.

Eu já fui menina, menina
num tempo de avós e de fadas,
o sol sobre a casa mais fina,
menina-família-sagrada
e o que sobrou
da terna esperança de um parto:
a sombra na porta do quarto,
a flor que secou.

Para quem não saiba, eu gosto
do mosto, do rosto animal,
do cão que há num homem bem posto,
da sofreguidão mais banal
e só quem souber
das normas da vida ao contrário,
do luxo do lixo ordinário
é meu ditador.

Detesto o amor,
detesto os seus enganos,
os seus gestos, os seus planos,
as promessas, os suspiros,
são delírios desumanos,
ou então foi sempre assim
que esta gente fraca e crente
foi contente na corrente até ao fim.

Não sou assim,
não creio, enfim,
em mais que o mutilar da velha dor.
Detesto o amor, detesto o amor.

J.P.Simões

As diferentes maneiras de se chamar,
de se dizer e de ser puta.
Detestar o amor não é não saber amar.



quinta-feira, maio 25, 2006


Libertação

Fui à praia, e vi nos limos
a nossa vida enredada:
ó meu amor, se fugimos,
ninguém saberá de nada.

Na esquina de cada rua,
uma sombra nos espreita,
e nos olhares se insinua,
de repente uma suspeita.

Fui ao campo, e vi os ramos
decepados e torcidos:
ó meu amor, se ficamos,
pobres dos nossos sentidos.

Hão-de transformar o mar
deste amor numa lagoa:
e de lodo hão-de a cercar,
porque o mundo não perdoa.

Em tudo vejo fronteiras,
fronteiras ao nosso amor.
Longe daquí,onde queiras,
a vida será maior.

Nem as esp'ranças do céu
me conseguem demover
Este amor é teu e meu:
só na terra o queremos ter.

David Mourão Ferreira

segunda-feira, maio 22, 2006
Dá que pensar.




domingo, maio 21, 2006
Dead Combo no Club Mercado.

Ontem alguém deixou um par de sapatos brancos à entrada do deserto.
Era o início da viagem, a arrumação metódica para uma noite de amor desenfreada.





sábado, maio 20, 2006
"o homem que chora a água da janela
tem ossos de sonho e um corredor de pânico
tem dois braços porque lhe faltam dois
e demasiados sonhos para poder crescer"

Pedro Sena-Lino 'Zona de Perda Livro de Albas'





sexta-feira, maio 19, 2006
Fim de noite. Mais uma vez o OndaJazz.


J.P. Simões e um grão de café.


Esta era só a cadeira onde ele se sentou.
"Ópera do falhado" com sotaque dá uma dor mais suave.



Concentração anti-touradas.
Ainda há razões para gostar da minha coorte.






O cordão policial que "nos estava a proteger dos senhores que iam ver a tourada" e que nos queriam fazer uma pega de frente.

quinta-feira, maio 18, 2006
Hoje Couple Coffee + J.P.Simões no Onda Jazz.
Amanhã feedback.


Juro que não estou a receber comissão nenhuma,
aquilo é mesmo bom.



quarta-feira, maio 17, 2006
"There's no such thing in life as normal"
Morrissey - The youngest was the most loved




terça-feira, maio 16, 2006


"Sabe-se lá
Quando a sorte é boa ou má
Sabe-se lá
Amanhã o que virá
Breve desfaz-se
Uma vida honrada e boa
Ninguém sabe, quando nasce
Pró que nasce uma pessoa."


Frederico Valério e Silva Tavares





sexta-feira, maio 12, 2006
Ontem no Onda Jazz Couple Coffee.
Luanda Cozetti era a voz e Norton Daeillo baixo.
Dois momentos altos da noite:
1. A interpretação de Vitorino (Salomé) e Luanda de 'Velas do Mucuripe', homenagem a Elis Regina (que ou muito me engano ou esteve lá a noite toda).
2. Vitorino acaba a interpretação de "Rua do Quelhas" de punho direito levantado (não há resignação que lhe chegue).



Captação impressionista do telemóvel
Sam...!Prost! Para a próxima é fado.



Rua do Quelhas
(Homenagem a Florbela Espanca)

Morre-se devagar neste país
Onde é depressa a mágoa e a saudade
Oh meu amor de longe quem me diz
Como é a tua sombra na cidade
Morre-se devagar em frente ao Tejo
Repetindo o teu nome lentamente
Cintura com cintura, beijo a beijo
E gritá-lo, abraçado, a toda a gente
Morre-se devagar e de morrer
Fica a cinza de um corpo no olhar
Oh meu amor a noite se vier
É seara de nós ao pé do mar

António Lobo Antunes

quarta-feira, maio 10, 2006
A senhora canta como se estivesse acabado de
acordar.
Palavras enroladas, som umas oitavas mais abaixo
ao resto que se adivinha e ainda traz farrapos dos sonhos
colados à cara.



1. Under an Old Umbrella
2. The Little Famous Song
3. Mr. John Lee (the velveteen rose)
4. Damsels in the Dark
5. Lily, Henry, and the Willow Trees
6. Yellow Lights
7. Old Love Haunts Me in the Morning
8. My Little Lark
9. In the time of the lorry low
10. Calico
11. Horses and Their Kin




1. Fifty Five Falls
2. Hay Tantos Muertos
3. Stallions
4. Undertaker
5. Box of Cedar
6. Bird Song
7. Mayflower May
8. Days of Rum
9. Virginia
10. Annabelle Lee

domingo, maio 07, 2006
Baby Dee na ZDB




"I'm not the only piss-pot in the house!!!"


terça-feira, maio 02, 2006
Enigma cromossomático?
Desafio cognitivo?
Ou recado simples?



Não interessa quem sou.
Não importa quem és.
Os olhos que carregamos bastam.


Pai,
encontrei-te assim,
nessa terra onde já pisaste
e hoje habitas desta estranha forma.