o de sempre

"Conheço-me? não me conheço? estou baralhado de todo? Ou fui sempre"
Luiz Pacheco

o de sempre

segunda-feira, junho 30, 2008



Desci por não ter mais força
Às águas verdes, sem fundo,
Mesmo que voltem as forças
Não quero voltar ao mundo!

Desci por não ter mais força
Até ao fundo das águas
Mesmo que voltem as forças,
Não voltarei a ser escrava!

Desci por não ter mais forças
Às águas verdes, sem fim.
Mesmo que voltem as forças,
Não me separo de mim!

Lago - Amália


quinta-feira, junho 26, 2008


Pensar em formato XX(l)!


sexta-feira, junho 20, 2008
Publicado no quinzenal "Conversas de Café" nº 37, de 6 de Junho


Arranhar desacomodado

Não andam como Ulisses a lutar contra Circes, mas resistem aos cânticos das sereias com a mesma serenidade. Não derretem asas a caminho do sol, mas cruzam diariamente labirintos e procuram o caminho que os liberte dos Minos circunstanciais. Em grupo ou individualmente têm como missão e gosto mostrar uma contracultura, que mais que rebelde, se pode dizer alternativa ao mainstream corrosivo que nos enreda. Combates sisíficos, mas que não os esmorecem.

As armas destas lutas, são muitas vezes reinterpretações e reinvenções de mesteres, mãos com saberes antigos e ferramentas novas que são unidos a uma vontade indómita de fazer algo diferente, nem que seja desenhar uma só pincelada de azul mar que não se descreve, na palete monocromática que se soergue dos dias - dia sim, dia sim, dia sim.

Calejam as vontades contra os entraves (não poucos) que diariamente lhes surgem antes que as coisas se concretizem - ou bem que são papeladas, ou bem que são outras vontades, ou bem que é o nevoeiro cinzento que sobre outro alguém se abate – mas no fim musicam e cantam, pintam e expõem, escrevem e editam, organizam e promovem, filmam e projectam, pensam e partilham, criticam e justificam. Organizam revoluções em pequena escala, de pés bem assentes no chão, com passos miúdos, mas bem medidos, porque a mudança faz-se de proximidade, à distância de um (a)braço, de entendimentos que coabitam em compromissos iguais.

Uma geração que sonha uma inconformidade em uníssono, como se uma peneira os tivesse reunido num saco de, lamentavelmente, pouca farinha.

Não esperam o aval nem o reconhecimento dos doutos, pois é outra a sua sabedoria e não pode ser aprovada por quem não a domina e se tem como vigente legitimador de uma ordem comum e massificante… Existe uma espécie de essência de liberdade que comanda. Assim como existe uma vontade pouco recompensada, no meio “destas gentes”. Esporadicamente, surge um farol que se espreguiça mais além a indicar e a iluminar o caminho, mas na maioria das vezes são modestas e pequenas as vitórias que os impelem para mais.

Não desprovidos de ideais políticos ou outras filosofias que enquadram e justificam pensamentos e acções, conseguem amalgamar vários estímulos da realidade para criar uma nova forma de divergência do indefinidamente imposto e raramente questionado, um caminho contra que se faz de cabeça informada (e sempre erguida).

(hoje, nova edição, com novo contributo)

I wish I was Emma



Bon Iver - For Emma, forever ago.

quarta-feira, junho 18, 2008


amar-te é saber que nenhuma palavra se te compara
recolho ao silêncio e encontro-te
procuro-te no cheiro de maresia que a cidade já não tem
e cada arco velho é uma esperança

reinvento a terra, a minha, e adorno-a com o teu sorriso
é essa a luz que reflecte
e nunca mais vou estar só, porque um dia conheci o teu olhar



A partir de hoje até sábado!



Aqui


terça-feira, junho 17, 2008
Mergulhou e não voltou! A serenata...



Esbjörn Svensson (1964 - 2008)



segunda-feira, junho 16, 2008
Do sentir do "povo"

Silêncio profundo, pesado
Desses que viste, ó pedras
No ventre enorme da tera
Rolos de arame farpado
Sacos de areia, trincheiras
Trincheiras da grande guerra

Duas vontades, dois gritos
Duas frentes frente a frente
E dois destinos também
Dois extremos infinitos
Separados simplesmente
Pela terra-de-ninguém

Dorme a sono solto a fera
Fica suspensa a batuta
Da trágica sinfonia
E é nesse tempo de espera
Que dois soldados em luta
Entoam esta elegia

Cobertos sujos de lama
Juntos no seu abrigo
Junto à terra-de-ninguém
Um deles tem um cigarro
E vê que o seu inimigo
Não fuma porque não tem

Confundem-se os seus olhares
Ficam presos, dominados
Por instintos fraternais
E o cigarrito vulgar
É partido em dois bocados
Em duas partes iguais

E logo os dois inimigos
Que vão sorrindo e fumando
Tão longe de se odiarem
Recolhem aos seus abrigos
Nervosamente aguardando
A hora de se matarem

João da Mata

quinta-feira, junho 12, 2008
Lula Pena Sábado no Castelo





segunda-feira, junho 09, 2008
Sigur Rós - Gobbledigook




sábado, junho 07, 2008
Das paixões perenes...



No castelo, ponho um cotovelo
Em Alfama, descanso o olhar
E assim desfaz-se o novelo
De azul e mar
À ribeira encosto a cabeça
A almofada, na cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo

Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida

No terreiro eu passo por ti
Mas da graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha, sorri
És mulher da rua
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
Aguardente de vida e medronho
Que me faz cantar

Lisboa no meu amor, deitada
Cidade por minhas mãos despida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida



sexta-feira, junho 06, 2008


Lisboa adormeceu, já se acenderam
Mil velas nos altares das colinas
Guitarras pouco a pouco emudeceram
Cerraram-se as janelas pequeninas

Lisboa forme um sono repousado
Nos braços voluptuosos do seu Tejo
Cobriu-a a colcha azul do céu estrelado
E a brisa veio, a medo, dar-lhe um beijo

Lisboa
Andou de lado em lado
Foi ver uma toirada
Depois bailou... bebeu...
Lisboa
Ouviu cantar o fado
Rompia a madrugada
Quando ela adormeceu

Lisboa não parou a noite inteira
Boémia, estouvanada, mas bairrista
Foi à sardinha assada lá na Feira
E à segunda sessão duma revista

Dali pró Bairro Alto então galgou
No céu a lua cheia refulgia
Ouviu cantar a Amália e então sonhou
Que era a saudade aquela voz que ouvia

quinta-feira, junho 05, 2008
Já chegou, já ficou!



Aldina Duarte - Mulheres ao Espelho


domingo, junho 01, 2008
Vísceral. Num país de migrações e saudade Akram Khan também foi português.